domingo, 30 de janeiro de 2011

Amizade

 
Costumo priorizar quem é importante na minha vida. Não sei se isso é erro ou acerto, sei que faço. Dou o meu lugar, faço sacrifício, faço o que não gosto. É claro que não me traio. Mas você entende o que quero dizer? Priorizo quem vale a pena. Daí, vez ou outra, a frustração bate na porta. Será que em algum momento sou mesmo prioridade? Desculpa, é que a gente sem querer espera. Somos bichos, humanos, damos amor e esperamos amor de volta. Entende? Se a pessoa que eu gosto está passando por uma situação delicada ou um momento difícil, vou ficar ao lado dela. Mesmo que o meu trabalho seja importante, mesmo que o Papa venha falar comigo. Não vou arredar o pé. Mas se por acaso eu precise mesmo, absurdamente, desesperadamente sair de perto dela, tudo bem. Vou me fazer presente de todas as formas. Não vou virar as costas, afinal de contas, o outro necessita de mim. Mas se for preciso sair de perto, vou me esforçar de todas as formas para o outro se sentir seguro. Muitas vezes (erro?) me preocupo mais com o outro do que comigo. Sei que primeiro a gente deve cuidar da gente, mas é inevitável, me preocupo e talvez com isso eu tenha uma grande porcentagem de chances de me magoar mais, porque tenho o costume de sofrer muito por esperar dos outros uma atitude que não vem, isso tudo porque me enquadro na condição de ser uma pessoa que me doou de bandeja.
Sempre ouvi dizer que a vida ensina e que o tempo cura tudo. Mas hoje preciso te contar que certas coisas a vida ainda não fez o favor de me ensinar e que o tempo se atrasou e ainda não veio me libertar de uns desejos. Tudo isso só me fez aprender que a vida é uma gangorra. Em alguns dias você está bem, em outros nem tanto. E assim vai indo, alternando, ganhando e perdendo. Tem alguns períodos, bem específicos, em que você dá mais do que recebe. Já em outros, você precisa receber mais do que dá. Não existe uma tabela pra isso, não tem data certa, simplesmente acontece, afinal, tudo é uma troca. Posso dizer que com tudo que já passei em perdas e ganhos de pessoas durante o meu percurso, hoje me sinto privilegiada pelos amigos que tenho, porque sempre estarão comigo quando eu pedir um abraço.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Um Minuto Apenas


"Em um minuto apenas a tormenta passa, a dor passa, o amigo ausente chega. o dinheiro chega, o amor parte, a vida continua."

sábado, 22 de janeiro de 2011

Lembranças


Penso na lembrança como algo pertinente à consciência abstrata, uma idéia que, a partir de um momento que reporta, traduz o sentimento e justifica o tempo que vivemos. 


Às vezes parece que foi ontem, aprendemos a engatinhar, a andar, dizer as palavras primordiais “papai” e “mamãe”, primeiro dia do colégio, primeiro contorno de letra feito, primeira palavra escrita, primeiro (a) amigo (a), primeiro banho de mangueira, primeira dormida fora de casa, primeiro beijo, primeiro (a) namorado (a), primeira perda, a formatura do colégio, dizendo adeus. Aquela sensação que você tem aos 17 ou 18 anos, que ninguém no mundo esteve tão próximo, amou tão ferozmente, riu com tanta vontade... Ou importou-se tanto assim. Às vezes parece que foi ontem, e às vezes... Parecem as lembranças de outra pessoa. Ao final, nos damos conta que o tempo passou isso passa só de lembranças, algumas gostosas ao serem vivenciadas novamente em nossos sonhos, mas têm outras que fazemos de tudo pra não serem guardadas. Foram lembranças que o tempo por mais que queiramos não puderam mudar, elas aparecem como dias chuvosos, trazendo marcas no tempo. Essas marcas dão vida aos sentimentos mais profundos e deixam saudades dos momentos não vividos e das palavras não ditas. Por fim, é apenas o tempo que passa, deixando as águas rolarem e o trem seguir o seu destino, fazendo parada em outra estação, com outros passageiros, outros sonhos e talvez outras razões. Então é um grande momento para olharmos para o agora e curti-lo, pois o momento se vai tão rápido que se não curtirmos teremos a impressão de que o tempo passa rápido, mas na verdade somos nós que não sabemos vivenciá-lo no momento oportuno. Para que tenhamos boas lembranças é importante que façamos coisas especiais: sorrir, brincar, amar, chorar, gritar, pular... Enfim coisas simples, mas que nos proporcione a sensação de momento válido.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Lances da vida


A vida realmente é algo bastante interessante, cheia de lances curiosos, engraçados e marcantes. Ela às vezes nos surpreende com acontecimentos dos mais absurdos aos mais insignificantes, e o pior de tudo isso é que sofremos em ambas as ocasiões. Nas idas e vindas, somos obrigados a aprender diversos meios de lidar com tudo que acontece nas nossas vidas. Você tem que aprender a lidar com varias coisas: lidar com perdas, sucesso, conquistas, traumas, decepção, traição, abandono, pesadelos, frustração... Bem, a cada dia presenciamos um fato que requer jogo de cintura para contorná-lo, é preciso ter capacidade da FÉNIX, ou seja, renascermos das cinzas impostas pelos percalços. O engraçado é que parece haver uma espécie de ordem no universo no movimento das estrelas e na volta da terra e na mudança das estações. Mas a nossa vida é quase um puro caos, por exemplo, neste exato momento existem pessoas que estão fugindo assustadas por algo que a perturba, algumas estão voltando pra o lugar de onde tudo começou, algumas dizem mentiras para suportar ou tentar suportar seus dias, algumas estão enfrentando a terrível e inevitável verdade do seu interior, alguns estão indo contra a maré (a fim de resolver uma situação), algumas lutando a cada novo passo dado no desconhecido e com elas mesmas, algumas estão colocando fim em suas próprias vidas. Todo mundo toma a sua posição, afirma o seu próprio direito e sensações, confundindo os motivos de outros, e o seu próprio. Olhando a tudo que foi escrito chego à conclusão de que nem tudo acontece do jeito que você quer ou planeja, mas o importante disso é que você não deve se amargar pelas decepções que a vida lhe causou, sei que nem todos os dias são ensolarados, más quando você se encontrar em caminhos de desespero e escuridão, lembre-se, é na escuridão da noite que podemos vê as estrelas e nem elas mesmas poderá nos guiar para o percurso de volta pra casa, por isso não tenha medo de cometer erros, tropeçar e cair, porque na maioria das vezes o prêmio é adquirido através daquilo que você mais teme talvez um dia você consiga acabar com todo esse caos ou não. A verdade é que sempre haverá algo para arruinar as nossas vidas. Tudo depende "de que" ou o que "nos encontra primeiro. Porém, a estrada é longa e a jornada é o destino. Então, quem sabe onde a vida nos levará?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Desajuste Familiar


Através da linha do tempo foram percebidas grandes modificações no sistema familiar. A família tradicional deixou de ser a principal, nossas concepções a cerca da estrutura familiar foram formadas e aumentou a preocupação quanto à solidez da família. Nunca se falou tanto em violência familiar quanto se fala hoje; sabe-se que há vários tipos de violência a qual atinge as mulheres como vítimas, os homens como culpados e os filhos como esponjas. Futuramente as esponjas serão vítimas ou culpados e esse ciclo vicioso perdurará por gerações. Assim sendo, analisamos a família como ambiente de proteção ou de risco?
De acordo com pesquisas somos levados a crer que o sistema familiar a cada dia se desestruturaliza propiciando um ambiente de risco ao invés de ser um lugar onde o indivíduo usaria como refúgio e base. A violência é caracterizada pelo ato de violentar alguém ou algo, pelo aspecto jurídico ela é definida como um constrangimento físico ou moral exercido como forma de obter alguma coisa contra a vontade de alguém; ela pode vir também disfarçada de educação: os pais agem de forma rígida, isto é, agredindo e constrangendo seus filhos sem se ter, em alguns casos, a consciência plena do ato violento já que apreendeu esse método de educar como único e infalível por ter sido essa a forma de educação lhe imposta.
Talvez seja a própria sociedade a formadora do caráter violento, uma vez que na infância os meninos são lançados à frieza e as meninas à submissão. Segundo a Teoria da Matriz da Identidade (Jacob Moreno, 1925) a mãe se aproxima da filha e se distancia do filho (Marta Echenique, 2004). Isso gera na menina dependência do outro e no menino independência, nesse aspecto a diferenciação de gênero passa a ser gritante e transmitida as gerações seguintes como um fator hereditário.
Tendo em vista a relação de gêneros ditado pela sociedade, temos mulheres representando seu papel de submissão e homens de valentão. Em muitos casos o silêncio se justifica pela dependência financeira ou amorosa; em outros casos por terem sido condicionadas a receber a violência como forma de atenção. Mas os filhos sentem-se péssimos diante dessas circunstâncias por saber que existe algo errado, mas que não se pode fazer muito por isso: seja pelo medo de mais uma violência ou porque se trata da sua família e não quer ser o responsável por ela ter acabado ou ainda pela questão do segredo familiar peculiar a cada sistema e pelas questões primeiras de concepção de família pelo indivíduo: fidelidade e lealdade (Jacob Moreno, 1925). Os membros acabam interiorizando esse sofrimento que vem como um desajuste familiar em que todos sofrem por ser a família um tipo de sistema que quando um não está bem acaba por desestruturar a todos.
Há, porém a terapia familiar a qual trabalha com todo o sistema familiar, busca as causas da violência através das gerações não culpando ninguém pela violência, mas compreendendo os possíveis fatores que levou determinada família a se desestruturalizar.

Tempos Sombrios


O mundo moderno tem sido marcado por profundas transformações, mudanças essas que imprimem um novo ritmo e um novo padrão para nossa civilização. Estas tais mudanças são caracterizadas pela fragilidade dos valores e princípios. Presenciamos uma época sombria da sociedade, ao qual, prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser. Nossa sociedade passa a ser conhecida pelo termo “sociedade espetáculo”, o espetáculo na sociedade representa concretamente uma fabricação de alienação. A alienação do sujeito em proveito do objeto reflete que quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de outro que lhe apresenta (Debord, 1997:24). A modernidade produz em nos o chamado ‘desejo’, que ate então pensávamos em tê-lo, mas que na verdade não passa de uma produção de marketing para que nos sentíssemos obrigados a sempre ta conforme o “figurino”, a psicanálise traz um termo talvez mais adequado, ela traz a questão de nós como seres faltantes, incompletos já que sempre estamos em busca de mais nunca nos conformamos com o que temos ou somos. O mundo moderno pode-se ser caracterizado como uma representação fetichizada do mundo dos objetos e das mercadorias e através de meios de comunicação começa a ditar gostos, desejos, sonhos, padrões de beleza, modos de amar, de sofrer, enfim acaba conduzindo toda nossa vida desde pequenos detalhes até as grandes transformações. Portanto, buscamos sempre a completude seja nas coisas ou nas pessoas o que importa é a sensação de estar completo; de forma rápida essa sensação se transforma em frustração essa frustração impulsiona no sujeito um novo desejo: se livrar do sofrimento.
Infelizmente tornamos em seres desacreditados do amor, do real, da felicidade, inseguros, depressivos e ansiosos. Tudo isso implica na sociedade que nos remete a uma criação de uma couraça para enfrentar o outro, ao invés de tornar um sujeito permeável às diferenças, o tem lançado numa rede social de relações esquematizadas e pré-moldadas, trazendo o que Foucault (1994) denominou “empobrecimento do tecido relacional”, trazendo a constituição da descartabilidade, onde tudo que não tenha utilidade ou não proporcione mais prazer é descartado, tornando a durabilidade precária ou inexistente, o “lixo humano”. A modernidade liquida é definida como algo imediato e mais dinâmico que acreditada “sólida” que suplantou, a modernidade contem alguns componentes aos quais a definiria, seriam elas: provisoriedade, desapego e individualização. Com isso, acabam construindo novos “idéias do ego”, mesclados de um individualismo narcísico e onipotente, simulando assim uma liberdade interior, graças aos novos modelos de funcionamento da vida social, caracterizado por serem velozes, “desrealizados”, múltiplos, interativos, provoca efeitos na subjetividade, oposto ao clássico do sujeito, apresentando uma crise na identidade do sujeito.
O mercado produz o desejo, oferecendo sensações de completude aquisição da “coisa”, o individuo “consome” a “sensação” que o produto promete, consumir representa o elixir contra a incerteza aguda e enervante sobre o porvir e o sentimento de incômoda insegurança. não satisfazendo essa sensação, acabam caindo na depressão, stress e síndromes do pânico. O ter faz o ser, essa é a razão pela qual somos solicitados a ter a posse de coisas e de pessoas, classificando-se o indivíduo pela marca de sua roupa, pelo cargo que ocupa, pelo carro que tem ou pela quantidade de pessoas que dirige. O lema é ser feliz, embora o princípio dessa felicidade seja estabelecido externamente, por coisas que estão além do indivíduo. Mário Quilici, psicanalista e pesquisador, registram a atual substituição da máxima de Descartes “penso, logo existo” pelo princípio. “consumo, logo existo”
Nessa sociedade, nada pode reivindicar isenção à regra universal do descarte, e nada pode ter permissão de se tornar in-desejável. A constância, a aderência e a viscosidade das coisas, tanto animadas quanto inanimadas, são os perigos mais sinistros e terminais, as fontes dos temores mais assustadores e os alvos dos ataques mais violentos.