terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Tempos Sombrios


O mundo moderno tem sido marcado por profundas transformações, mudanças essas que imprimem um novo ritmo e um novo padrão para nossa civilização. Estas tais mudanças são caracterizadas pela fragilidade dos valores e princípios. Presenciamos uma época sombria da sociedade, ao qual, prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser. Nossa sociedade passa a ser conhecida pelo termo “sociedade espetáculo”, o espetáculo na sociedade representa concretamente uma fabricação de alienação. A alienação do sujeito em proveito do objeto reflete que quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de outro que lhe apresenta (Debord, 1997:24). A modernidade produz em nos o chamado ‘desejo’, que ate então pensávamos em tê-lo, mas que na verdade não passa de uma produção de marketing para que nos sentíssemos obrigados a sempre ta conforme o “figurino”, a psicanálise traz um termo talvez mais adequado, ela traz a questão de nós como seres faltantes, incompletos já que sempre estamos em busca de mais nunca nos conformamos com o que temos ou somos. O mundo moderno pode-se ser caracterizado como uma representação fetichizada do mundo dos objetos e das mercadorias e através de meios de comunicação começa a ditar gostos, desejos, sonhos, padrões de beleza, modos de amar, de sofrer, enfim acaba conduzindo toda nossa vida desde pequenos detalhes até as grandes transformações. Portanto, buscamos sempre a completude seja nas coisas ou nas pessoas o que importa é a sensação de estar completo; de forma rápida essa sensação se transforma em frustração essa frustração impulsiona no sujeito um novo desejo: se livrar do sofrimento.
Infelizmente tornamos em seres desacreditados do amor, do real, da felicidade, inseguros, depressivos e ansiosos. Tudo isso implica na sociedade que nos remete a uma criação de uma couraça para enfrentar o outro, ao invés de tornar um sujeito permeável às diferenças, o tem lançado numa rede social de relações esquematizadas e pré-moldadas, trazendo o que Foucault (1994) denominou “empobrecimento do tecido relacional”, trazendo a constituição da descartabilidade, onde tudo que não tenha utilidade ou não proporcione mais prazer é descartado, tornando a durabilidade precária ou inexistente, o “lixo humano”. A modernidade liquida é definida como algo imediato e mais dinâmico que acreditada “sólida” que suplantou, a modernidade contem alguns componentes aos quais a definiria, seriam elas: provisoriedade, desapego e individualização. Com isso, acabam construindo novos “idéias do ego”, mesclados de um individualismo narcísico e onipotente, simulando assim uma liberdade interior, graças aos novos modelos de funcionamento da vida social, caracterizado por serem velozes, “desrealizados”, múltiplos, interativos, provoca efeitos na subjetividade, oposto ao clássico do sujeito, apresentando uma crise na identidade do sujeito.
O mercado produz o desejo, oferecendo sensações de completude aquisição da “coisa”, o individuo “consome” a “sensação” que o produto promete, consumir representa o elixir contra a incerteza aguda e enervante sobre o porvir e o sentimento de incômoda insegurança. não satisfazendo essa sensação, acabam caindo na depressão, stress e síndromes do pânico. O ter faz o ser, essa é a razão pela qual somos solicitados a ter a posse de coisas e de pessoas, classificando-se o indivíduo pela marca de sua roupa, pelo cargo que ocupa, pelo carro que tem ou pela quantidade de pessoas que dirige. O lema é ser feliz, embora o princípio dessa felicidade seja estabelecido externamente, por coisas que estão além do indivíduo. Mário Quilici, psicanalista e pesquisador, registram a atual substituição da máxima de Descartes “penso, logo existo” pelo princípio. “consumo, logo existo”
Nessa sociedade, nada pode reivindicar isenção à regra universal do descarte, e nada pode ter permissão de se tornar in-desejável. A constância, a aderência e a viscosidade das coisas, tanto animadas quanto inanimadas, são os perigos mais sinistros e terminais, as fontes dos temores mais assustadores e os alvos dos ataques mais violentos.


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